O livro Marcírio: sinônimo de memórias foi escrito em 1999 pela mesma turma que em 1997 participou da escrita do livro Mapas da Cidade: Autoria, Identidade e Cidadania. Os textos que compõem essa publicação da turma que cursava a oitava série formam uma ciranda de textos que, abraçando a todos os participantes e suas lembranças, dá forma à memória, conceito que nos levou à produção deste trabalho. A seguir, apresentamos a capa e contracapa do livro, cujo desenho também é de autoria da aluna Carla Siste.
Conheça alguns textos do livro:
O texto que segue foi uma produção coletiva da turma. Eles analisaram os textos que formam o primeiro capítulo do livro: os fatos que marcaram nossa vida escolar. Após a leitura dos textos, os alunos divididos em grupos discutiram as temáticas escolhidas pela turma e anotaram suas explicações para cada temática. Num terceiro momento, os grupos leram suas conclusões e coletivamente montaram o texto no quadro
2.
Analisando os fatos que marcaram nossa vida escolar
Texto coletivo
produzido pela turma 81
O
texto que vocês vão ler agora trata de uma análise dos fatos que marcaram a
vida escolar de cada um de nós alunos da turma 81. Entre os fatos mais
escolhidos que iremos analisar estão: a amizade escolar em primeiro
lugar, em segundo lugar ficaram
empatados os temas nosso livro e torneios na escola, em terceiro
lugar ficou o tema desentendimento professor-aluno e em quarto lugar a
morte de um colega de aula. Entre os menos escolhidos ficaram os fatos recuperação
terapêutica, passeios, correspondência interescolar,
primeiro dia de aula, repetência, desrespeito com colega,
liderança, primeira namorada e uma professora que marcou.
O
fato amizade na escola foi o fato mais escolhido: dos trinta alunos que
escreveram os textos, sete escreveram sobre amizade. Quase todas as pessoas que
nós conhecemos têm várias amizades, umas melhores, outras nem tanto, mas as
melhores mesmo a gente nunca esquece. São poucas as pessoas que dão valor a uma
amizade verdadeira, pois amizade de verdade é difícil de construir e,
dependendo da amizade, é fácil destruir. Um exemplo de amizade é nossa turma.
Em meio a algumas turbulências, geralmente resolvidas, ela sempre permaneceu
unida. Para nós não existe um exemplo de amizade que marcou tão verdadeiramente
como o da nossa turma. Sabemos que é sempre bom ter uma amiga ou um amigo ao
lado para podermos contar nossos segredos, para desabafar e ter um ombro amigo
para chorar. Como diz a música do Milton Nascimento, Amigo é coisa pra se
guardar no lado esquerdo do peito...
Cinco
dos trinta alunos da turma 81 escreveram sobre torneios na escola. Os
torneios marcam muito na vida dos estudantes, porque jogar um torneio de
futebol é diferente de estudar. Nos torneios você fala alto, xinga e se solta.
Além disso, o esporte ajuda o desenvolvimento do corpo, o desenvolvimento
mental e psicológico. Há também alunos que quando entram para a escola ficam na
expectativa de jogar em torneio e assim mostrar toda a sua habilidade. Esse
tipo de fato marca muito porque, independente de você ganhar ou perder, você
fala sobre o torneio o ano inteiro. Achamos também que se fosse um torneio de
vôlei não marcaria tanto, o negócio é futebol.
Um
dos fatos que mais marcou as nossas vidas foi a escrita do nosso livro Mapas
da Cidade. Dos trinta alunos da turma, cinco escolheram escrever sobre o
livro. O nosso livro marcou muito os alunos da turma 81, porque foi uma
experiência nova para todos os alunos que o fizeram. Os alunos que escreveram
se sentiram orgulhosos com um trabalho diferente feito por eles próprios. Esse
livro que começamos a escrever em 1997 hoje é um grande orgulho para a turma
81.
Três
dos 30 alunos da turma 81 decidiram escrever sobre o desentendimento entre eles
e alguns professores. Mas por que escrever sobre isso? O desentendimento
geralmente acontece porque o aluno não gosta do professor, talvez porque o
professor tenha dado uma nota baixa ou então porque ele pega no pé do aluno por causa do seu desinteresse pela matéria ou
por pura birra. Essas discussões marcam a vida escolar. Quando as discussões
acontecem, o aluno e o professor começam a se xingar e então o aluno se isola
do professor e vice-versa. O aluno começa a ter dificuldades para aprender. Às
vezes o professor nota que o aluno não está tendo bom desempenho na sua
matéria. Se o professor nota que o aluno não vai bem, vai falar com o aluno.
Quando o professor e o aluno conversam, geralmente fazem as pazes. Mas se o
professor não quer saber de tentar conversar com o aluno (porque o aluno não
toma a iniciativa de conversar com professor), o aluno começa a ir mal na
matéria e corre o risco de ser reprovado.
O
quarto fato mais escolhido pela turma foi a morte de um colega chamado Carlos
Alexandre. Ele era da turma 33, era um menino muito agitado, que chocou a
muitos, pois teve uma morte trágica. Ele foi passar as férias num local onde
tinha uma cachoeira. Então ele foi tomar banho e bateu com a cabeça numa pedra.
Por que será que isso chocou tanto os alunos? Certamente porque seus colegas
adquiriram uma forte afeição por ele e, mesmo ele tendo um temperamento forte,
agitado, muitos ficaram sentindo saudades de suas brigas, de suas implicâncias
e de suas discussões. Além disso, a morte de crianças em fase escolar não é tão
comum assim. Esse foi outro aspecto que influenciou com muito impacto a vida de
seus colegas de aula e, com certeza, continua fazendo parte da memória escolar
de alguns.
Depois
de tudo isso, nós podemos concluir que os textos sobre os fatos mais marcantes
do nosso Primeiro Grau não foram escritos somente para serem escritos, sem
finalidade, mas sim para demonstrar a liberdade que temos de expressar para nossos
leitores as nossas emoções.
A seguir um trecho do último capítulo do livro cujo título era Para terminar a oitava série e este livro:
Do
Marcírio o que ficou em mim foram as amizades que eu conquistei,
o companheirismo, a saudade das minhas turmas 53 e 63, os apelidos
engraçados e, por fim, a turma que me aceitou muito bem, a 81. Ah! E
os professores como a Rejane, a Jane, etc.
Taison
Pereira da Costa
Do
Marcírio o que ficou em mim foi
todos
que considero os melhores amigos
que
uma pessoa pode querer,
e
até mesmo os inimigos que ninguém
gosta
de ter.
Os
professores que foram
uns
amores
e
até mesmo os que são
uns
terrores.
Todas
as brincadeiras
as
conversas e
zoeiras.
Afinal,
tudo o que foi bom
será
imortal!
Carla
Viviane Borges Siste
Cristiane Lacerda
De
mim ficou no Marcírio
minha
história,
minha
memória,
meu
jeito de ser,
meu
jeito de viver,
meu
jeito de escrever,
meu
jeito de ler,
meu
jeito de ver.
meu
jeito de crescer,
mesmo
que devagar,
mas
aqui vai ficar.
No
meu coração agora fica
uma
alegria muito grande
mas
no meu peito fica agora
uma
tristeza tão profunda que pra sempre
vai
ficar,
e
do meu rosto correm lágrimas
porque
vou te abandonar.
Jeanderson
Primmaz da Silva
Do
Marcírio o que ficou em mim foram...
Lembranças
da minha infância
correndo
e pulando pelos corredores.
Amizades
que conquistei
Amigos
que levarei no coração
e
no meu pensamento.
Algumas
brigas e desavenças,
mas
tudo foi resolvido.
Algumas
paqueras, isso não nego.
Lançamento
de um livro que
comigo
guardo.
Amizades
com professores que
pra
mim foram como pais,
ensinando,
explicando,
xingando
de vez em quando.
Do
Marcírio levo tudo em mim
Dos
momentos muito bons e dos
momentos
ruins.
De
mim o que ficou no Marcírio...
Lembranças,
bagunças.
Minha
infância toda
deixei
aqui.
Até
os tempos de adolescente.
Meus
pensamentos, minhas
lembranças
aqui ficaram.
Do
Marcírio levo lembranças.
E
aqui também as deixo.
Cássia
Mambac
De
mim o que ficou no Marcírio foi o meu sangue, de tanto cair
nessas lajes e me machucar, meus livros e gibis ficaram na
biblioteca, minhas assinaturas de errorex nessas classes, e ali
ficarão para sempre, até uma funcionária limpar. Meus átomos vão
ficar, porque segundo a professora Jane, sempre ficam alguns átomos.
Samuel
B. de Lima
Do
Marcírio o que ficou em mim foram as lembranças que “revivo”
a cada hora, minuto ou segundo que se passa em minha vida. Lembranças
que machucam meu coração, formando uma ferida. Lembranças que
fazem muitas vezes as pessoas se calarem. Porém eu não quis
facilitar. Trago na memória lembranças de quando eu era
pequenininha. Aí eu coloco os pés no chão e lembro que sou uma
mocinha. Eu lembro de tudo e de todos, mas às vezes é melhor fingir
que não me lembro. Pois, as mais belas lembranças sempre ficam nos
pensamentos.
Michele
K. Moreira
Do
Marcírio o que ficou em mim foram as amizades que eu cultivo, as
lembranças dos professores bons e dos ruins também (mas
naquelas...). No Marcírio aprendi a respeitar e ser respeitado,
aprendi a ler e escrever, aprendi a namorar, e isso eu hoje faço
como rotina. Levei muitas medalhas em torneios de futebol do
Marcírio, defendi o nome da escola no torneio da ESEF, que é um
torneio com várias modalidades. Lá eu joguei futebol. Várias
escolas municipais participaram. Mas o que eu mais gostei foi de ter
feito o livro com as biografias dos alunos do Marcírio e do Gilberto
Jorge. O livro chama-se “Mapas da Cidade”.
Felipe
Vasconcelos
Saudade
do que passou e não volta mais. As brincadeiras da 1a
série, os namorinhos da 2a série e de tudo
que passou de bom no Marcírio, que vai ser inesquecível. Os amigos,
os professores mais queridos, a bagunça na sala de aula, os guris e
as gurias brigando de frescura. Saudade de olhar para o lado e ver os
amigos que passaram a infância e a adolescência com você. Não
poder contar com a professora que se preocupa com a gente e nos
compreende e que não é só mais uma professora, é também uma
amiga. Eu, neste fim de ano estou um pouco triste, porque 8 anos da
minha vida eu passei aqui no Marcírio e o que eu mais vou sentir é
saudade, saudade do que passou e não volta mais.
Daiana
S. Martins
Do
Marcírio o que ficou em mim foi a amizade dos colegas,
funcionários e professores, que sempre me deram a maior força nos
momentos ruins e nos momentos bons.
Eduardo
Peixoto
Do
Marcírio muitas amizades ficaram, um pouco de nosso livro, dos
torneios, festas juninas e gincanas. Do Marcírio, tudo o que é bom
ficou em mim.
Daniela
Moura
Do
Marcírio o que ficou em mim foi a vontade de progredir, progredir
com a vida, sem pensar o pior. Ficou a vontade de aprender cada vez
mais, ficaram resíduos de saudades dos velhos tempos.
Fabrício
Kistemacher
De
mim o que ficará no Marcírio são poucas coisas, eu acho. Uma
das coisas que ficará no Marcírio é a amizade, porque eu estudo
aqui há oito anos. Outra são as brigas, que não foram muitas, mas
numa delas eu levei uma ocorrência. Isso foi lá na primeira série.
Do
Marcírio o que ficou em mim foram os torneios. Eu fiquei muito
emocionado. O nosso livro também me emocionou muito.
Juliano
Silva
Do
Marcírio o que ficou em mim foram saudades, saudades daquela
escola que me recebeu com tanto carinho, com alegria, quando eu tinha
apenas 9 anos, saudade daqueles professores que não mediam esforços
para nos ensinar, saudades dos colegas que se tornaram verdadeiros
amigos, de amigos que se tornaram verdadeiros irmãos, como a
Michele, a Darlene e a Daiana.
Débora Lopes
Na
escola Marcírio eu aprendi a viver, a me relacionar com as pessoas,
aprendi a ser um cidadão. Eu agradeço à professora Ema que me
ensinou a escrever, à professora Elisabeth que me ensinou a fazer as
primeiras continhas de subtração e adição e à minha professora
Janice que me ensinou a fazer as primeiras historinhas matemáticas.
Rodrigo
Maia
Do
Marcírio o que ficou em mim é a maneira que os professores usam
para ensinar todos os alunos, eles têm um jeito amigo. E por falar
em amigo, também vão ficar as amizades que eu consegui fazer aqui.
Isso tudo eu tenho certeza que vai ficar na minha memória.
Luís
Fernando Mello
Em 2000, a Secretaria Municipal de Educação organizou uma publicação intitulada Ler e escrever o mundo: compromisso da Escola Cidadã que reunia trabalhos envolvendo leitura e escrita de várias escolas. Nossa escola esteve presente com uma síntese do livro Marcírio: Sinônimo de Memórias.
Capa do livro. |
Página inicial do capítulo reservado à nossa escola. |
Marcírio: Sinônimo de Memórias
Na minha mente reservo lembranças boas e muita muita saudade.
ResponderExcluirsou o Leandro silveira